Por: Pb Elton Dias Fonseca
Presidente da UMADESD
Neste sentido
nestas poucos linhas pretende-se sumariamente de forma sucinta estudar sobre
esta importante matéria.
1.
Etimologia da
Palavra e Definição teológica de predestinação: a palavra grega que aparece
nos textos para Predestinação é proorizo,
que traduzido de forma integral ao nosso vernáculo quer dizer, “decidir de
antemão”, ou “algo anteriormente determinado”. Do latim a palavra equivalente é
praedestinatione, que em português
quer dizer: ato ou efeito de predestinar; predefinição, prognóstico, ou
seja destinar com antecipação, ou ainda escolher desde toda a eternidade. Em
português esta palavra é formado pelo prefixo PRE (antes, anterior a) +
Destinar (verbo), assim em português esta palavra significa destinar antes.
Rm 8:29 Porque os que
dantes conheceu também os PREDESTINOU (proorizo)
para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito
entre muitos irmãos.
Diante do
texto indicado e do significado da palavra, dá pra entender o porquê desta
matéria ser taxada de difícil compreensão e ter tornado um ponto de conflito
entre algumas correntes teológicas, principalmente entre os calvinistas, que
defendem a predestinação no sentido integral e amplo da palavra.
Neste sentido,
teologicamente predestinação é entendida como parte da presciência divina que é
a capacidade divina de saber de antemão todas as ocorrências antes que estas
ocorram, sendo a presciência por tanto parte da onisciência, atributo divino que
implica no poder que nosso Senhor tem de ter toda a ciência, isto é todo saber,
ou ainda saber todas as coisas.
Assim a
predestinação trata-se da capacidade de Deus de saber antes que ocorra quem
alcançará ou não a salvação. A este ato da presciência divina em saber de
antemão quem será salvo Paulo em Romanos 8:29 e as Escrituras chamam de
predestinação. Assim diz-se que estes foram predestinados a salvação, ou seja
foram escolhidos de antemão, conforme a palavra do Senhor desde a eternidade,
os salvos foram destinados a salvação antes mesmo da fundação do mundo.
1.2 Predestinação não é fatalismo
Algumas Igrejas,
principalmente as adeptas ao calvinismo e aos ensinos de Agostinho usam a palavra
de Deus para defender a teoria da predestinação baseada no fatalismo, que é uma
doutrina que admite que o curso dos acontecimentos está previamente fixado,
nada podendo alterá-lo, o que também é chamado de determinismo. Conforme esta
doutrina Deus tem tudo já decidido, tudo estaria assim predeterminado por Deus,
indiferente as ações humanas, em algumas alas mais radicais desta teoria
chega-se até mesmo crer que Deus define até mesmo o que o homem fará.
Neste sentido
conforme os deterministas ou fatalistas, tudo está determinado a acontecer e
assim será porque Deus assim o determinou, desta maneira, aqueles que Deus
escolheu, ou predestinou serão salvos mesmo que “a pulso”, de qualquer jeito, e
os demais não serão.
O que não
condiz com a verdade bíblica, já que Deus criou o homem dotado de livre
arbítrio, pois deu-lhe Deus o poder de escolha. Neste sentido é o próprio homem
que define seu destino, através das escolhas tomadas durante sua vida.Veja:
1.3 Fatalismo x Livre arbítrio.
Na criação: Gn 2.9 “E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”.
Na criação: Gn 2.9 “E o SENHOR Deus fez brotar da terra toda a árvore agradável à vista, e boa para comida; e a árvore da vida no meio do jardim, e a árvore do conhecimento do bem e do mal.”.
Quando
Deus cria o homem ele o criou dotado de livre arbítrio, isto é dotado de
capacidade de fazer escolhas, inclusive a de servi-lo e obedecê-lo ou não,
tanto que ele mesmo criou as duas árvores, no intuito de deixar sua criação bem
a vontade para sua escolha, se o determinismo for verdade, que sentido faria o
livre arbítrio humano, já que uns estariam escolhidos pra perdição e outros pra
vida eterna.
Ninive: Jn 3.10 E Deus viu as obras deles, como se
converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha anunciado
lhes faria, e não o fez.”
Veja
claramente a escolha humana mudando a ação divina, isto deixa claro que o homem
é quem decidirá seu destino, já que Deus não criou robôs, mas sim homens
detentores de vontades, razão, desejos e sentimentos, capaz de escolher o que
deseja para si. Nesta lição até mesmo o profeta ficou frustrado, pois não pode
entender os desígnios divinos do livre arbítrio. A nação sentenciada a
destruição , arrependida de seus maus caminhos converteram ao Senhor e mudou o
rumo de sua história deixando o profeta de Deus frustrado, por vê suas palavras
serem mudadas pela ação do povo que automaticamente fez Deus mudar os planos
para aquele povo ante incrédulo, mas agora temente a ele.
Ap 3.20 “Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a
minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele
comigo.”
Cristo dá a universalidade de seu chamado e da voluntariedade
humana de aceita-lo ou não, ele diz que está na porta e batendo de todos os
homens através da pregação do seu evangelho ele esta solicitando a todos os
homens a permissão para entra em sua vida, e ele deixa claramente que não há
restrições, todos aqueles quem ouvir sua voz e permitir sua entrada ele
adentrará e ceiará com ele dando-lhe o maná celestial.
Jr 15.19 “Portanto
assim diz o SENHOR: Se tu voltares, então te trarei, e estarás diante de mim; e
se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles para
ti, mas não voltes tu para eles.”
Estas
palavras foram anunciadas por Jeremias sob inspiração Divina convidando o povo
de Deus a abandonar seu pecado. Veja que poderia Deus determinar que seu povo voltasse
a ele e arrependesse de seus pecados, mas ele não o faz pois ele não interfere de
forma direta nas escolhas do homem, outorgando a estes assim o direito de
definir o que querem para si. E o pior foi que Judá preferiu contra a vontade
de Deus abandonar os caminhos de paz, e optaram pelas cisternas rotas em vez do
manancial de agua viva.
Veja que não há comunhão entre a predestinação fatalista
e o livre arbítrio, pois um contrapõe o outro, não podendo coexistir os dois
simultaneamente. Já que Deus predestinou um grupo a salvação, sendo estes salvos
a todo custo, e outros de forma alguma alcançarão perdão para seus pecados,
como pode alguém que não compõe este seleto grupo dos escolhidos ter o direito
de escolher a Deus e ter seus pecados apagados, já que Deus os destinou a
perdição eterna?
Há uma ala que tenta conciliar o fatalismo e a
predestinação pregando que estes grupos já predefinidos estão identificados e
quem compõe o grupo dos perdidos, por exemplo, por mais que ouça a palavra de
Deus jamais se arrependerão, e o outro grupo mesmo que seja no último folego de
vida, se arrependerá e alcançará o perdão divino.
Mesmo esta forma mais moderada do fatalismo não é compatível
com o livre arbítrio pois os grupos já estão fechados e não pela decisão humana
mas pelo fatalismo divino.
Hora ao Dizer que Deus predestina uns à salvação e fará
tudo pra salvá-los e outros à perdição, estamos no mínimo admitindo que ele não
é justo, e não age com equidade conforme preceitua sua palavra já que a salvação
esta limitada a determinação divina e não na escolha do homem.
2.
Vontade Diretiva e Vontade permissiva de Deus.
Para entender um pouco mais do assunto precisamos
entender um pouco mais da vontade diretiva e da vontade permissiva de Deus,
como o espaço é pouco, não se pode aprofundar neste assunto, sendo visto apenas
o suficiente pra entender a cerca da predestinação.
A vontade diretiva de Deus é aquela que é expressa pelo
profeta Isaias 43.10, que é irrevogável, e que fatalmente não será impedida de
acontecer, já que o todo poderoso a fará acontecer a todo custo. Nesta esta a
sentença para o Diabo, o arrebatamento da Igreja, a grande Tribulação; entre
outros que nada poderá ou pode impedir a sua ocorrência pois Deus assim havia
estabelecido.
Já a vontade permissiva de Deus é aquela que na verdade
não é sua vontade, mas ele permite que ocorra por conta da escolhas humanas,
veja o que diz 1Tm 2.4, que expressa a
vontade ou desejo divino para a humanidade: 1 Tm 2.4: “Que quer que
todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade.”
Veja que mesmo sendo a vontade de Deus que todos os
homens se salvem não serão todos que alcançarão a vida eterna, e com certeza não
será por que Deus assim o quis, pois Paulo indica ao jovem Timóteo que seu
desejo é que todos se salvassem.
Outro exemplo bem claro da vontade permissiva são os
escritos dos profetas que profetizaram sobre Israel e Judá após a divisão do
Reino, onde Deus usara seus servos pra indicar o povo seu desejo de se
aproximar de seu povo e lhes ajudar, mas as suas iniquidades os separavam de
seu Deus, Isaías 59:2, e que mesmo diante da expressão divina de sua vontade
por meio das palavras dos profetas o seu povo não o ouviu e foram destruídos Israel
pelos assírios (721 ac) e Judá pelos babilônios (596 ac).
E em qual destas a Salvação esta englobada? A salvação
só pode está dentro da vontade permissiva de Deus, já que como visto o desejo
divino é que todos a alcance, e não apenas um seleto grupo escolhido a dedo de
forma fatalista, Veja ainda que Deus oferta a salvação a todos e est está
diretamente ligada a escolha humana.
2 Deus oferta
salvação a todos.
Foi visto e ITm 2.4, o desejo divino expresso nas
Sagradas Escrituras é que todos os homens se salvem, desejo este ainda expresso
na grande comissão da Igreja (Mc 16:15), ora se apenas um grupo fosse escolhido
e predestinado a salvação e outro à perdição, que sentido faria o Senhor
mandar-nos ir por todo mundo? Ou ainda seu convite em Mt 28.11 “Vinde a mim
todos vos que estais cansados”, se tornaria sem nexo, já que ele predestinou
alguns a salvação, por que ele convidaria todos? Isto evidencia que a salvação
está à disposição de todos, pena que apenas alguns a desejam e a buscam.
3 Conclusão: O Salvo
e a predestinação:
Como se viu a predestinação nada tem a ver com o
determinismo divino, assim ninguém poderá acusar Deus de ter escolhido uns e
rejeitados outros, pois ele ama e oferta a salvação a todos, cabe ao homem a
escolha, mas ele por ser Deus sabe aqueles que hão de alcançar a salvação, que
voluntariamente decidiram entregar sua vida a ele, a estes Deus predestinou:
Rm 8:30 E aos que
predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou;
e aos que justificou a estes também glorificou.
Ef 1:11 nele, {digo,} em
quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o
propósito daquele que faz todas {as coisas,} segundo o conselho da sua vontade,
At 22:14 E ele disse: O
Deus de nossos pais de antemão te designou para que conheças a sua vontade, e
vejas aquele Justo e ouças a voz da sua boca.
Ef 1:5 E nos predestinou
para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de
sua vontade,
Neste sentido
o que a palavra de Deus quer dizer ao afirmar que os santos foram
predestinados?
Ora como
visto na definição, a predestinação bíblica não é fatalista, pois esta imputaria
a Deus injustiça, o que não é verdade, mas é apenas um item da onisciência divina,
onde sendo o Senhor presciente, sabe de todas as coisas antes que estas ocorram,
inclusive a salvação.
Sendo
onisciente e, portanto, dotado da presciência sabe então Deus quem haverá de
alcançar a vida eterna e os que hão de ser condenados, mas de forma alguma
interfere no livre arbítrio do homem, ele apenas o convida para aceita-lo com
Senhor de suas vidas, através da pregação e da maneira santa de viver do seu
povo, no Antigo Testamento por meio de Israel e na nova aliança por meio da
Igreja.
A predestinação
fatalista é no mínimo uma afronta a justiça divina e contrapõe todos os ensinos
bíblicos a cerca do livre arbítrio, pois o fato da salvação estar vinculado ao
mesmo tempo a onipotência divina capaz de perdoar pecado e modificar a vida do
mais vil pecador e do livre arbítrio, isto é dependendo da escolha que o homem
fizer, não diminui a divindade de Deus, e nem o torna menos poderoso, como
acreditam os fatalistas, ao contrário o torna ainda mais divino e mais
poderoso, já que não usa seus atributos divinos para forçar ninguém segui-lo,
mas tão somente nos cerca com seu amor fazendo-nos optar em servi-lo.
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